Pergunta:
Qual é a estimativa atual de equipamentos “Ex” existentes em um FPSO, incluindo equipamentos de elétrica, instrumentação, automação e telecomunicações “Ex”?
Resposta:
Nos atuais FPSO que estão sendo fabricados, existem cerca de 25.000 equipamentos “Ex” instalados, incluindo equipamentos elétricos, de instrumentação, de automação, de telecomunicação ou mecânicos “Ex”.
Para uma refinaria de petróleo, por exemplo, dependendo de seu porte, da quantidade de unidades de processamento e da quantidade de equipamentos de processo existentes, é estimada uma quantidade entre 100 000 e 200 000 equipamentos “Ex”.
Com o desenvolvimento da automação, é cada vez maior a utilização de equipamentos de instrumentação e de automação “Ex”, incluindo sensores, atuadores, posicionadores, transmissores, analisadores, roteadores, switches, conversores eletro-ópticos, barreiras de segurança intrínseca, equipamentos “Ex” associados e caixas de junção “Ex”.
Desta forma é prevista uma elevação continuada da quantidade de equipamentos “Ex” nas instalações terrestres e marítimas em áreas classificadas, os quais devem estar devidamente mapeados e incorporados no “inventário” dos equipamentos “Ex” das respectivas instalações e nos respectivos sistemas de gestão de ativos “Ex”.
Sob o ponto de vista da quantidade de inspetores “Ex” e de pessoas responsáveis pela análise e aprovação dos relatórios de inspeções “Ex”, a quantidade de equipamentos “Ex” a ser alocada em cada instalação deve servir de parâmetro para o dimensionamento da equipe de profissionais “Ex” envolvidos com estas atividades de inspeção, de forma que cada equipamento “Ex” não permaneça sem uma inspeção periódica por um período superior a três anos, de acordo com o requerido na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-17 – Atmosferas explosivas – Parte 17 – Inspeção e manutenção de equipamentos e instalações.
Além disto, uma vez que este intervalo entre as inspeções periódicas tenha sido determinado, a instalação necessita ser submetida a inspeções por amostragem adicionais, durante estes intervalos, para ratificar ou modificar o intervalo proposto e o grau da inspeção que estiver sendo aplicado (visual ou apurado). Uma avaliação continuada dos resultados das inspeções dos equipamentos e instalações “Ex” é requerida para validar o intervalo entre inspeções e o grau de inspeções adotados.
Pergunta:
O que deve ser feito em uma inspeção “Ex” onde seja identificada a indevida instalação de um equipamento Ex “d” ou Ex “e” em uma área classificada contendo poeiras combustíveis?
Resposta:
Equipamentos “Ex” que tenham sido certificados somente para os tipos de proteção Ex “d” ou Ex “e” não são adequados para instalação em áreas classificadas do Grupo III, contendo poeiras combustíveis, como Zona 21 ou Zona 22.
A Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-14/2016 (Atmosferas explosivas – Parte 14: Projeto, seleção e montagem de instalações elétricas) define os locais adequados para instalação dos equipamentos com tipos de proteção “Ex”, dependendo da classificação de áreas contendo gases ou poeiras.
Na Tabela 1 (Níveis de proteção de equipamento quando somente as zonas são identificadas) daquela Norma Brasileira são definidos os EPL (“G” para Gases Inflamáveis ou “D” para Poeiras Combustíveis) para atmosferas explosivas para cada tipo de Zona (0, 1, 2, 20, 21 ou 22).
Na Tabela 2 (Relação direta entre os tipos de proteção e os EPL) daquela Norma Brasileira ABNT NBR IEC 60079-14/2016 são apresentados os tipos de proteção “Ex”, aplicáveis para o local da instalação, dependendo da classificação de áreas, para gases ou poeiras e do respectivo EPL requerido pelo equipamento “Ex” a ser instalado.
Como pode ser verificado, na Norma Técnica brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-14, os equipamentos “Ex” que tenham sido certificados somente com os tipos de proteção Ex “d” ou Ex “e” podem ser aplicados somente em áreas classificadas que possuam gases inflamáveis, não sendo adequados para instalação em áreas classificadas contendo poeiras combustíveis.
Outros tipos de proteção “Ex”, como 2-WISE, Ex “b”, Ex “c”, Ex “k”, Ex “p”, Ex “i”, Ex “m”, Ex “op” ou Ex “t” são adequados para instalação em áreas classificadas contendo poeiras combustíveis (Grupo III).
De acordo com a Norma ABNT NBR IEC 60079-14 nos casos específicos de um determinado equipamento “Ex” possuir certificação, de forma “simultânea”, para tipos de proteção que proporcionem EPL “G” e “D”, este equipamento pode, neste caso, ser instalado em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis. No entanto, existem disponíveis no mercado produtos “Ex” que são certificados somente para tipos de proteção que proporcionam somente EPL “G”, como por exemplo, Ex “n”, Ex “e” ou Ex “d”, ou seja, que podem ser instalados somente em áreas classificadas contendo gases inflamáveis.
Deve ser ressaltado que existem disponíveis no mercado diversos produtos “Ex” que são certificados somente para tipos de proteção “Ex” adequados para gases inflamáveis, como Ex “n”, Ex “e” ou Ex “d”.
Por outro lado, é preciso também estar atendo para o fato de que podem existir disponíveis no mercado equipamentos “Ex” que tenham sido certificados somente para o tipo de proteção Ex “t” (proteção por invólucro conta ignição de poeiras combustíveis), proporcionando EPL Da, Db ou Dc, o que os tornam adequados somente para instalação em áreas classificadas contendo poeiras combustíveis, não sendo adequados para instalação em locais contendo gases inflamáveis.
Por este e outros motivos, os profissionais “Ex” envolvidos ou responsáveis pelas atividades de especificação para compra ou na instalação de campo de equipamentos “Ex” devem conhecer estes requisitos da Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079‑14, de forma a assegurar que os serviços estão sendo feitos de forma correta, sem a introdução de indevidos “desvios” de especificação ou de montagem de campo.
Estes conhecimentos são necessários de forma que sejam selecionados corretamente para compra equipamentos elétricos, de instrumentação, de automação ou de telecomunicações “Ex”, com o objetivo de assegurar que eles estejam adequados aos requisitos da classificação de áreas do local da instalação.
Este tipo de conhecimentos e de competências pessoais é necessário também para evitar a ocorrência de indevidos “desvios” que podem representar a existência de indevidas fontes de ignição em áreas classificadas, caso os equipamentos “Ex” tiverem sido especificados de forma incorreta.
Nos casos de equipamento Ex “e” ou Ex “d” encontrado indevidamente instalado em áreas classificadas contendo poeiras combustíveis, este grave tipo de “desvio” deve ser registrado no respectivo relatório de inspeção “Ex” do referido equipamento “Ex” que foi inspecionado, de forma que seja prontamente tomada as devidas ações para a correção deste “desvio Ex”.
Por estes motivos é importante que os projetistas envolvidos na seleção de equipamentos “Ex” conheçam os requisitos indicados na Norma ABNT NBR IEC 60079-14, de forma que selecionar os equipamentos a serem instalado, de acordo com os requisitos específicos de cada instalação.
A especificação de equipamentos com tipos de proteção Ex “e” ou Ex “d” para instalação em áreas classificadas do Grupo III (Zonas 21 ou Zona 22) pode ser um indicativo de que as pessoas envolvidas com a execução, supervisão ou fiscalização dos serviços de projeto não possuem os devidos conhecimentos ou experiências para estas atividades.
Por este motivo é importante que estes profissionais “Ex” possuam as devidas competências pessoais, preferencialmente por meio de certificação, como indicado na Unidade de Competência Ex 009 (Projeto e seleção de equipamentos para instalações, em ou associadas a, atmosferas explosivas).
Pergunta:
Existem ações em andamento para otimizar os serviços de inspeções periódicas “Ex” em áreas classificadas de plataformas de petróleo? Por exemplo, utilização de drones, realidade aumentada ou inspeções não invasivas por meio de raio “X” para verificação das juntas e componentes internos de equipamentos “Ex”?
Resposta:
Afirmativo. Encontram-se atualmente em fase de desenvolvimento diversas ações no sentido de tornar os serviços de campo de inspeções de equipamentos e instalações “Ex” mais eficientes, simples, conclusivos e seguros.
A aplicação de robots para a inspeções de instalações em áreas classificadas é uma prática já utilizada, sendo disponíveis no mercado robots com certificação para utilização em áreas classificadas com diversos tipos de proteção “Ex” adequadas para Zona 1.
A utilização de drones para inspeção de equipamentos e instalações em áreas classificadas é também uma técnica já amplamente utilizada em diversas empresas, para inspeção de equipamentos instalados em pontos de difícil acesso (como por exemplo em pontos elevados de queimadores de sistemas de tochas ou de “flares”) ou em áreas que possam apresentar produtos tóxicos (como em áreas classificadas contendo dissulfeto de carbono ou amônia).
A utilização de técnicas de realidade aumentada ou de wearables também são técnicas que estão sendo introduzidas nos procedimentos de inspeções “Ex”, de forma a proporcionar aos inspetores “Ex”, no campo, o acesso eletrônico e remoto a documentos dos equipamentos “Ex” a serem inspecionados, como certificados de conformidade “Ex”, manuais de instalação ou de manutenção ou a diagramas de interconexão.
Além disto, estão sendo desenvolvidas técnicas de ensaios não destrutivos (END) para a execução de inspeções internas dos equipamentos “Ex”, sem a necessidade de abertura ou remoção dos invólucros externos. A aplicação de técnicas de END, como por exemplo de Raio “X” tem demonstrado a possibilidade de identificação de desvios internos aos equipamentos “Ex”, como fios soltos, quantidade de fios de rosca não totalmente conectados, ou pontos de alta temperatura ou danos nas superfícies internas de juntas metal/metal, sem a necessidade de obtenção de permissão de trabalho para acesso interno aos equipamentos, as quais muitas vezes dependendo do desligamento, interdição e liberação dos equipamentos, que são procedimentos de difícil aplicação com os equipamentos “Ex” energizados e em operação.
Dentre outros benefícios obtidos por estas técnicas de inspeção “Ex” podem ser citados, dentre outras, a menor necessidade de pessoas a bordo de instalações marítimas ou de dentro de instalações terrestres, maior produtividade, facilidade de utilização, imagens de alta resolução para inspeções visuais ou apuradas, evitar o risco de introdução de desvios durante os serviços de inspeções “Ex” e possibilidade de dados de forma digital, que podem ser compartilhados por pessoas da Organização fisicamente presentes em diferentes locais geográficos.
Pergunta:
Com relação as instalações mais antigas onde não temos os manuais dos fabricantes, que programa ou normas devem ser adotadas para a implantação de manutenção nos equipamentos “Ex”?
Resposta:
Existem, de fato, instalados em áreas classificadas, diversos equipamentos elétricos e de instrumentação “Ex” para os quais não são disponíveis os respectivos manuais de instalação ou de manutenção, elaborados pelos respectivos fabricantes. Isto pode ocorrer, por exemplo, nos casos em que os fabricantes dos equipamentos “Ex” eventualmente não estejam mais disponíveis no mercado.
Para os casos em que os fabricantes destes equipamentos “Ex” ainda estejam disponíveis no mercado, é recomendado que seja feito contato com estes fabricantes, de forma a obterem os respectivos documentos. Em muitos casos os manuais de instalação e de manutenção dos equipamentos “Ex” estão disponíveis para acesso público na Internet, nas páginas dos respectivos fabricantes.
Nos casos eventuais de impossibilidade de acesso a tais manuais de fabricantes, devem ser seguidos os requisitos especificados na Norma Técnica Brasileira ABNT NBR IEC 60079-17, em particular as seções sobre “Aceitação de equipamentos em instalações antigas”, “Documentação”, “Requisitos de manutenção”, “Manutenção em cabos flexíveis”, “Retirada de serviço”, “Manutenção de instalações energizadas de segurança intrínseca”, “Aterramento e ligações equipotenciais”.
Além disto, deve ser ressaltado que, de acordo com a Norma Técnica Brasileira ABNT NBR IEC 60079-17, os profissionais envolvidos com os serviços de inspeção e manutenção de equipamentos e instalações “Ex” estar familiarizados com os requisitos das normas técnicas aplicáveis, as recomendações das boas práticas de engenharia e interpretações atualizadas sobre estas atividades.
Podem ser citados, como exemplos de boas práticas de engenharia relacionadas com serviços de manutenção de equipamentos “Ex”, as quais devem ser aplicadas independentemente de estarem ou não descritas nos manuais dos fabricantes dos equipamentos “Ex”: programas de manutenção preventiva, programas de manutenção preditiva, aperto de todos os bornes e conexões elétricas, aperto de todos os parafusos de fixação de tampas, medição periódica de isolação de equipamentos e circuitos “Ex”, lubrificação periódica de mancais de motores, geradores, bombas, ventiladores e compressores “Ex”, verificação periódica nos níveis de temperatura de mancais em esteiras rolantes, limpeza periódica para evitar o acúmulo de camadas de poeiras combustíveis sobre os equipamentos elétricos ou mecânicos “Ex”, medição periódica de vibração e temperatura de mancais, verificação periódica do estado das juntas de vedação, gaxetas e anéis do tipo “O-Ring”, para assegurar o grau de proteção contra ingresso de água e poeira no interior dos invólucros dos equipamentos “Ex”, verificação periódica dos cabos e circuitos de aterramento e equipotencialização.
Desta forma, a eventual falta de acesso ou disponibilidade a um manual de manutenção de um determinado equipamento “Ex” específico pode ser suprida pela aplicação de boas práticas de engenharia ou de técnicas de manutenção “consagradas” que são normalmente realizadas em outros equipamentos “Ex” similares, como motores, luminárias, caixas de junção ou instrumentos “Ex”.
Os detalhes sobre os requisitos de manutenção de equipamentos “Ex” e instalações elétricas, de instrumentação, de automação e de telecomunicações em áreas classificadas (incluindo documentação necessária para execução destes serviços de campo) estão especificados na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-17 – Atmosferas explosivas – Parte 17 – Inspeção e manutenção de equipamentos e instalações.
Pergunta:
Qual a recomendação em caso de identificação de instalação inadequada durante o processo de inspeção “Ex”?
Resposta:
Nos casos de equipamentos “Ex” encontrados indevidamente instalados em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis, os “desvios” devem ser registrados nos respectivos relatórios de inspeção “Ex” dos referidos equipamentos “Ex” que forem inspecionados, de forma que sejam prontamente tomadas as devidas ações para a correção destes “desvios Ex”.
Os eventuais desvios “Ex” encontrados nas inspeções de campo podem ser submetidos a critérios de priorização de correção dos desvios “Ex”, considerando o “risco potencial de ignição” provocado pelo tipo de “desvio” encontrado no equipamento “Ex” ou em sua instalação.
Podem ser estabelecidos, nestes casos, critérios de priorização das ações de correção dos desvios encontrados durante as inspeções “Ex”, tendo como base os conceitos de RBI (Risk Based Inspection), considerando os riscos apresentados pelo tipo de “Zona” existente no local do equipamento (Zonas 20, 21, 22, 0, 1 ou 2), bem como as características de risco proporcionado pelo local da instalação.
Um outro fator que pode ser considerado na priorização de correção dos desvios é riscos de ignição apresentados pelo tipo de desvio existentes nos equipamentos ou instalações “Ex”, com base nos itens especificados nas “listas de verificação” apresentados na Norma ABNT NBR IEC 60079-17.
Além disto, é também necessário considerar o prazo máximo para a correção de cada desvio. Existem requisitos legais que estabelecem prazos máximos de correção, como por exemplo a correção imediata (ou desligamento do equipamento “Ex” ou a aplicação de medidas de mitigação do risco encontrado) ou então prazos da ordem de 30, 90 ou 180 dias para a correção de desvios que tiverem sido identificados em equipamentos ou instalações em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis.
Estes prazos podem ser automaticamente ou gerencialmente atribuídos aos “desvios” encontrados nos equipamentos “Ex” instalados em áreas classificadas, de acordo com a criticidade da não conformidade encontrada, como por exemplo, crítica (requerendo a interdição total ou parcial imediata do equipamento “Ex”), grave, moderada ou leve.
Pode ser citado, como exemplo, um equipamento Ex “e” (segurança aumentada), proporcionando EPL Gb, indevidamente instalado em Zona 0 (caso hipotético), encontrado indevidamente encontrado instalado em um porão de armazenamento de petróleo (local de risco alto). Neste exemplo, este tipo de “desvio” deve ser tratado de forma “imediata”.
Pode ainda ser citado, como exemplo, uma situação de um equipamento Ex “n” encontrado com junta danificada (por exemplo, junta ressecada ou quebrada) instalado em Zona 2, em um sistema com petróleo (local de risco médio).
Neste exemplo, pode ser considerado um desvio com criticidade “média”, na medida em que em Zona 2 não é esperada a presença de atmosfera explosiva durante a operação normal dos equipamentos de processo e não é esperada a geração de centelhas por equipamentos Ex “n” durante a sua condição normal de operação.
Nesta situação de exemplo de correção de desvio “Ex” pode haver ou não a necessidade de proteção temporária (como por exemplo a instalação temporária e mitigatória de fita têxtil impregnada com graxa para evitar o ingresso de água no interior do invólucro do equipamento “Ex”) ou o desligamento do equipamento “Ex” até a substituição da junta de vedação.