Webinar Ex Módulo 7: Perguntas e Respostas – Parte 3

Pergunta:

Os invólucros plásticos dos equipamentos “Ex” sempre demandam cuidado com eletrostática? O cabo que possui condutor de proteção para terra conectado internamente ao invólucro “Ex” atende essa proteção? Ou se deve usar cabo separado, ligado na carcaça plástica do equipamento “Ex”?

Resposta:

Certamente a utilização de equipamentos com invólucros plásticos dos equipamentos “Ex” pode representar um risco de acúmulo de cargas eletrostáticas.

Por este motivo a Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-0/2020 (Requisitos gerais para equipamentos “Ex”) apresenta em sua Seção 7.4 (Cargas eletrostáticas em materiais não metálicos externos), requisitos para a instalação de equipamentos não metálicos em áreas classificadas, de forma a limitar o risco de acúmulo de cargas eletrostáticas.

A resistência máxima superficial de materiais não metálicos é de 1 GOhm, de forma a permitir que cargas eletrostáticas possam ser dissipadas por meio de conexão sistema de aterramento ou por meio contato por equipotencialização com estruturas metálicas.

A Tabela 7 (Limitação das áreas de superfícies) da Norma ABNT NBR IEC 60079-0/2020 apresenta limites entre 400 mm2 e 10.000 mm2 (0,0004 m2 a 0,01 m2) de área superficial máxima, dependendo do Grupo da área classificada (I, IIA, IIB ou IIC) e dependendo do EPL proporcionado pelo equipamento “Ex” (Ga, Gb ou Gc).

A Tabela 9 (Limitação da espessura de camada não metálica) da Norma ABNT NBR IEC 60079-0/2020 apresenta limites entre 0,2 mm de espessura de camada não metálica para equipamento para o Grupo IIC e de 2,0 mm para equipamentos para os Grupos IIA e IIB.

A Norma Técnica Brasileira ABNT NBR IEC 60079-0/2020 (Requisitos gerais para equipamentos “Ex”) apresenta também em sua Seção 26.13 o procedimento de ensaio de resistência de superfície de partes de invólucros de materiais não metálicos.

A forma como pode ser feito o aterramento dos bornes terminais de terra que são fornecidos nos equipamentos “Ex” depende do tipo do sistema de aterramento especificado para cada projeto ou para cada aplicação.

Nos casos de sistemas de aterramento do tipo TT (aterramentos separados para o sistema de potência e para partes condutoras expostas), por exemplo, pode ser utilizado um cabo de terra interligado diretamente entre o borne do equipamento “Ex” com invólucro plástico e o sistema de terra do local da instalação do equipamento. Este caso é mais adequado para equipamentos “Ex” que possuam terminais “externos” aos invólucros.

Nos casos de sistemas de aterramento do tipo TN-S (com um neutro N e condutor de proteção PE separados), por exemplo, pode ser utilizado um cabo contendo um condutor de proteção em conjunto com os outros condutores de alimentação. Este caso é mais adequado para equipamentos “Ex” que possuam terminais “internos” aos invólucros.

Os detalhes de seleção e montagem (inclusive de requisitos de sistemas de aterramento e requisitos para evitar acúmulo de cargas eletrostáticas) de instalações elétricas em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis estão especificados na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-14 – Atmosferas Explosivas – Parte 14: Projeto, seleção de equipamentos e montagem de instalações.

 

Pergunta:

Como dimensionar os cabos de equipotencialização dos componentes “Ex” a fim de evitar a eletricidade estática?

Resposta:

Os critérios para o dimensionamento de cabos de aterramento e de equipotencialização estão especificados na Norma ABNT NBR IEC 60079-14.

De acordo com os requisitos apresentados naquela Norma, a seção nominal mínima dos condutores de equipotencialização para a conexão principal com uma barra de aterramento deve ser de 6 mm2 e as conexões suplementares devem possuir uma seção nominal mínima de 4 mm2.

Cuidados devem ser considerados para a utilização de condutores com seções nominais maiores, como por exemplo 10 mm2 ou 16 mm2, devido a resistência mecânica, por exemplo para resistência contra impactos causados pela movimentação de pessoas ou ferramentas, dependendo das características do local da instalação dos cabos.

Deve ser ressaltado que partes condutoras expostas não necessitam estar individualmente conectadas ao sistema de ligação equipotencial, se elas estiverem firmemente fixadas e em contato metálico com partes estruturais condutoras ou tubulações, que por sua vez estejam conectadas ao sistema de ligação equipotencial.

Os detalhes de seleção de equipamentos “Ex” e montagem (inclusive dimensionamento de cabos de aterramento e equipotencialização) de instalações elétricas, de instrumentação, de automação e de telecomunicações em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis estão especificados na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-14 – Atmosferas Explosivas – Parte 14: Projeto, seleção de equipamentos e montagem de instalações.

 

Pergunta:

Em circuitos de segurança intrínseca, onde, do painel CLP com barreiras de segurança, lançarmos multicabos até uma caixa de distribuição com somente bornes de circuitos intrinsecamente seguros, a caixa de junção (Junction box) precisa ser certificada ou poderemos utilizar uma caixa de junção de uso industrial apenas? Se não precisar da certificação, temos que identificá-la com alguma marcação especial?

Resposta:

De acordo com os requisitos indicados na Norma Técnica Brasileira ABNT NBR IEC 60079-14 – Projeto e montagem de instalações “Ex”, um caixa de junção pode ser considerado como sendo um equipamento “simples”, não necessitando de certificação caso estejam protegidos por circuitos Ex “i” (com barreiras intrinsecamente seguras [Ex “i”]).

As caixas de junção e seus cabos devem ser identificados com tag e deve conter a indicação “ATENÇÃO – Circuitos intrinsecamente seguros”.

Deve também, preferencialmente, conter terminais azuis e prensa-cabos azuis. Apesar deste tipo de caixa de junção Ex “i” não requerer certificação, pode ser recomendado utilizar caixas de junção com certificação Ex “e” ou Ex “t”, em função de requisitos de qualidade, de padronização com outras caixas de junção utilizadas para circuitos para equipamentos com outros tipos de proteção “Ex” e de certificação de equipamentos para instalação em áreas “Ex”.

Além disso, em muitos casos, uma mesma caixa de junção pode conter circuitos Ex “i” e não Ex “i”, requerendo, nestes casos, que as caixas de junção sejam certificadas. Nestes casos, de acordo com a Norma ABNT NBR IEC 60079-14, os terminais de circuitos intrinsecamente seguros devem ser marcados para uma clara identificação, para diferenciá-los dos terminais de circuitos não intrinsecamente seguros. Esta marcação pode ser realizada pelo usuário pela utilização de cor, onde, neste caso, deve ser azul-claro.

Os detalhes de seleção e montagem (inclusive de circuitos intrinsecamente seguros) de instalações elétricas em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis estão especificados na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-14 – Atmosferas Explosivas – Parte 14: Projeto, seleção de equipamentos e montagem de instalações.

 

Pergunta:

Quando ligarmos uma botoeira de campo a um circuito intrinsecamente seguro, esta botoeira precisa possuir certificação “Ex”, ou poderemos utilizar um produto de uso “industrial” sem certificação em área classificada?

Resposta:

De acordo com os requisitos indicados na Norma Técnica Brasileira ABNT NBR IEC 60079-14 – Projeto e montagem de instalações “Ex”, uma botoeira pode ser considerado como sendo um equipamento “simples”, não necessitando de certificação, caso todos os circuitos conectados em seu interior estejam protegidos por barreiras de segurança do tipo Ex “i” (barreiras intrinsecamente seguras [Ex “i”]).

Nestes casos as botoeiras e seus cabos devem ser identificadas com tag e devem conter a indicação “ATENÇÃO – Circuitos intrinsecamente seguros”.

Estas botoeiras e seus cabos devem também, preferencialmente, conter terminais e prensa-cabos azuis, para facilitar a identificação de circuitos intrinsecamente seguros.

Além disso, em muitos casos, uma mesma botoeira pode conter circuitos Ex “i” e não Ex “i”, requerendo, nestes casos, que elas sejam de fato certificadas, como por exemplo Ex “de” ou Ex “t”.

Apesar deste tipo de botoeira Ex “i” não requerer certificação, pode ser recomendado utilizar botoeiras com certificação Ex “de” (componentes centelhantes à prova de explosão, com invólucro plástico e invólucro externo em segurança aumentada) ou Ex “t” (para instalação em áreas classificadas contendo poeiras combustíveis), em função de requisitos de qualidade, de padronização com outras botoeiras utilizadas com outros tipos de proteção “Ex” e de certificação de equipamentos para instalação em áreas “Ex”.

Detalhes completos sobre este assunto estão indicados na Norma Técnica Brasileira ABNT NBR IEC 60079-14 – Projeto e montagem de instalações “Ex”.

 

Respostas às perguntas feitas pelos participantes no Webinar “Ex” – Módulo 7 – Serviços de projeto e montagem em atmosferas explosivas – Parte 2/2, realizado no dia 14/10/2021.

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