Pergunta:
A areia utilizada em caixas de areia, instaladas para passagem de cabos em regiões de fronteiras entre áreas classificadas e áreas não classificadas necessita ser “certificada”, de forma similar como é feita a certificação da fibra e da resina utilizadas para a selagem interna de unidades seladoras Ex “d”?
Resposta:
A areia a ser utilizada nas caixas de areia necessita possuir granulometria “fina”, com granulometria entre 0 e 0,5 mm.
As caixas de areia não representam um tipo de proteção “Ex”, mas sim uma forma efetiva e prática de instalação na “fronteira” entre área classificada e área não classificada, de forma a evitar um eventual ingresso indevido de gases inflamáveis para o interior de uma área não classificada, proveniente de uma área classificada.
Por este motivo não existe a necessidade de “certificação”, da forma como ocorre, por exemplo, com as unidades seladoras de eletrodutos quando estas são instaladas nas entradas de cabos dos invólucros metálicos do tipo “à prova de explosão” (Ex “d”).
Pergunta:
Alguns cabos têm capa laranja e outros têm capa azul escura. Existem versões desses cabos em cor azul clara para instalações FISCO ou se mantem na cor original?
Resposta:
Existem disponíveis no mercado cabos com capa externa na cor azul claro, tanto para circuitos “discretos” (sinais de entrada ou saída dos tipos analógicos ou digitais) como para cabos de redes de comunicação de dados.
Os requisitos de instalações em áreas classificadas são adicionais ou complementares aos requisitos de instalações em áreas não classificadas. Portanto, devem ser atendidos os requisitos de instalação em áreas classificadas.
A Norma ABNT NBR IEC 60079-14 requer que, “Os cabos contendo circuitos intrinsecamente seguros devem ser marcados para identificá-los como sendo uma parte de um circuito intrinsecamente seguro. Caso as capas ou coberturas sejam identificadas por uma cor, esta deve ser azul-claro. Quando circuitos intrinsecamente seguros forem identificados pela utilização de cabos com cobertura na cor azul-claro, então cabos com esta cor não podem ser utilizados para outras finalidades, de maneira que a forma ou o local de instalação não causem confusão ou diminuam a efetividade da identificação de circuitos intrinsecamente seguros”.
A necessidade de identificação de cabos contendo circuitos intrinsecamente seguros por meio de capa na cor azul claro tem objetivo permitir uma fácil verificação visual da segregação entre cabos com circuitos intrinsecamente seguros e cabos com circuitos não intrinsecamente seguros.
Os detalhes de projeto e seleção de equipamentos “Ex” (inclusive sobre a seleção de cabos) e montagem de instalações elétricas, de instrumentação, de automação e de telecomunicações em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis estão especificados na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-14 – Atmosferas Explosivas – Parte 14: Projeto, seleção de equipamentos e montagem de instalações.
Pergunta:
Uma botoeira com marcação Ex “de”, com invólucro plástico, pode estar interligada em entradas Ex “i” de PLC ou DCS e com cabo azul? O bloco interno, acoplado ao botão, é um contato que não causa centelha?
Resposta:
Afirmativo. Botoeiras com marcação Ex “de”, contendo componentes centelhantes em invólucros plásticos à prova de explosão e bornes terminais Ex “e” podem ser utilizadas em circuitos intrinsecamente seguros (Ex “i”), com cabos com capa na cor azul claro, como nos circuitos de entradas digitais de sistemas de controle do tipo PLC ou DCS.
Deve ser ressaltado, inclusive, que a utilização em áreas classificadas de botoeiras certificadas com marcação Ex “de” / Ex “tb” pode ser considerada como sendo uma “boa prática” para todos os tipos de proteção “Ex”, incluindo circuitos interligados a equipamentos Ex “e”, Ex “i”, Ex “p”, Ex “t” e Ex “d”, de forma a obter, dentre outros, os benefícios de “padronização” de equipamentos e redução de itens de estoque.
Os blocos internos de contato existentes nestas botoeiras, acoplados aos botões de comando manual, contém contatos eletromecânicos, que podem gerar centelhas elétricas, dependendo do nível de energia contida no respectivo circuito.
Em uma botoeira Ex “de” de campo que contém um circuito de 220 V, por exemplo, certamente haverá a ocorrência de uma centelha, quando do acionamento da botoeira. No entanto, esta centelha está protegida no interior de uma câmera à prova de explosão fabricada com material plástico, o que evita a propagação de uma eventual explosão interna para o meio externo.
No caso de uma botoeira Ex “de” que esteja em um circuito intrinsecamente seguro (protegido por uma barreira de segurança intrínseca), o nível de energia do circuito é baixo a ponto de evitar a geração de centelha no caso de acionamento do contato eletromecânico.
Os detalhes de seleção de equipamentos “Ex” e montagem (inclusive de seleção de equipamentos “Ex” e circuitos Ex “i”) de instalações elétricas, de instrumentação, de automação e de telecomunicações em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis estão especificados na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-14 – Atmosferas Explosivas – Parte 14: Projeto, seleção de equipamentos e montagem de instalações.
Pergunta:
Por que algumas instalações de botoeiras “Ex” e motores “Ex” apresentadas nos detalhes típicos de projeto apresentados no Webinar “Ex” – Módulo 7 não precisam de unidade seladora Ex “d”?
Resposta:
As botoeiras “Ex” apresentadas nos detalhes típicos possuem tipo de proteção Ex “de”, ou seja, proteções “Ex” combinadas, sendo os componentes centelhantes contidos em invólucros plástico do tipo Ex “d”, terminais de conexão de cabos externos do tipo Ex “e” e invólucros externos (plásticos ou metálicos) com tipo de proteção Ex “e”.
Este tipo de especificação de botoeiras nos detalhes típicos de projeto apresentam, dentre outros, os benefícios de dispensar a necessidade dos serviços de instalação de campo de unidades seladoras Ex “d”, de niples Ex “d” ou de uniões macho/fêmea Ex “d”.
Isto se deve ao fato de que caso haja uma eventual ignição gerada pelo centelhamento do contato elétrico, a explosão resultante não irá se propagar para o lado externo do componente Ex “d”, uma vez que seu invólucro plástico é do tipo Ex “d”, não permitindo a propagação da explosão interna para o meio externo.
Desta forma os serviços de campo de montagem, de inspeção e de manutenção se tornam mais simples, proporcionando uma menor possibilidade de ocorrência de eventuais “desvios” ou de “não conformidades” de montagem.
Nos casos dos motores “Ex” apresentados nos detalhes típicos, a especificação utilizada para os tipos de proteção são Ex “eb” / Ex “ec” (segurança aumentada), Ex “n” (não acendível) ou Ex “t” (proteção por invólucro conta ignição de poeiras combustíveis).
De acordo com a Norma ABNT NBR IEC 60079-14, a necessidade de instalação de campo de unidades seladoras Ex “d” é aplicável para entradas de cabos em invólucros metálicos com tipo de proteção Ex “d”, os quais não possuem, de forma integrada, recursos para impedir a propagação para o meio externo de uma eventual explosão que possa ocorrer em seu interior.
Os detalhes de seleção de equipamentos “Ex” e montagem (inclusive de requisitos de utilização ou não de unidades seladoras Ex “d”) de instalações elétricas, de instrumentação, de automação e de telecomunicações em áreas classificadas contendo gases inflamáveis ou poeiras combustíveis estão especificados na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-14 – Atmosferas Explosivas – Parte 14: Projeto, seleção de equipamentos e montagem de instalações.
Pergunta:
Os equipamentos “Ex” instalados em áreas externas têm gravações de marcação nos equipamentos. As gravações destas plaquetas se mantém legíveis e duráveis com o passar do tempo?
Resposta:
A Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-0/2020 (Requisitos gerais para equipamentos “Ex”) apresenta em sua Seção 29 (Marcação), os requisitos para as informações a serem indicadas na marcação de equipamentos e componentes “Ex”, incluindo, dentre outras informações, tipos de proteção “Ex”, Grupo de gás inflamável ou poeira combustível, Classe de Temperatura e EPL.
O equipamento “Ex” deve ser legivelmente marcado na parte principal do equipamento “Ex” e a marcação deve ser visível, a partir do exterior, antes da instalação do equipamento “Ex”.
De acordo com os requisitos de avaliação da conformidade (RAC) para a certificação de equipamentos “Ex”, o selo de identificação da conformidade deve ser colocado em todos os equipamentos elétricos para atmosferas explosivas certificados, de forma visível afixada em caráter permanente e indelével.
No entanto, dependendo das características das influências externas do local da instalação dos equipamentos “Ex” esta marcação pode ficar ilegível com o passar do tempo. Pode ocorrer também que as plaquetas de marcação dos equipamentos “Ex” sejam eventual perdidas ao longo dos anos ou décadas em que os equipamentos “Ex” permanecem instalados em áreas classificadas, ao longo do seu ciclo total de vida.
Nestes casos, existe a necessidade de confecção de plaquetas de marcação “substitutas”, de forma a manter os equipamentos “Ex” devidamente marcados.
A Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-17 (Inspeção e manutenção “Ex”), informa, em sua seção 4.3.1.2 (Verificação de equipamentos “Ex” sem marcação), que quando a placa de certificação ou de marcação de um equipamento para áreas classificadas estiver faltando ou esteja ilegível, métodos alternativos podem ser utilizados para a rastreabilidade dos detalhes de certificação do equipamento “Ex” específico. Placas substitutas de marcação “Ex” podem ser confeccionadas ou obtidas do fabricante, com base em rastreabilidade do número de “TAG”, número de série, número do processo de compra ou referência aos dados do sistema de documentação técnica da instalação.
Podem ser utilizados os seguintes critérios para a confecção de plaquetas substitutas de marcação de equipamentos “Ex”: A referência a um número de série do equipamento “Ex” sobre o qual o respectivo fabricante seja consultado e apresente o respectivo certificado de conformidade “Ex”, ou a existência de um TAG do equipamento “Ex” para o qual exista um certificado de conformidade no sistema de documentação técnica ou então a existência de outros equipamentos “Ex” idênticos, do mesmo fabricante e modelo, como luminárias, botoeiras, motores, instrumentos ou caixas de junção “Ex”, para os quais existam os respectivos certificados de conformidade e marcações “Ex”.
Respostas às perguntas feitas pelos participantes no Webinar “Ex” – Módulo 7 – Serviços de projeto e montagem em atmosferas explosivas – Parte 2/2, realizado no dia 14/10/2021.