Quando do projeto básico de instalações em atmosferas explosivas, as subestações elétricas e as casas de controle locais são planejadas para serem instaladas, sempre que possível, fora das extensões das áreas classificadas. Esta boa prática faz com que os equipamentos elétricos, de automação e de telecomunicações a serem instalados no seu interior possam ser equipamentos industriais “comuns” ou seja, sem a necessidade de possuírem tipos de proteção “Ex”.
No entanto, em diversas ocasiões, esta boa prática não pode ser utilizada, por questões técnicas e econômicas, como, por exemplo, pela indisponibilidade de áreas não classificadas ou pela existência de grandes distâncias entre a área não classificada e as áreas industriais contendo atmosferas explosiva.
Podem ser citados como exemplos destes casos os módulos de salas de painéis elétricos e casas de controle em FPSOS e subestações elétricas e casas de controle locais em refinarias de petróleo e em plantas petroquímicas. Nestas subestações são instalados painéis de distribuição e manobra de alta e baixa tensão, bem como conversores de frequência e equipamentos para o sistema digital de automação, tais como Switches óticos, GPS e servidores.
Nas salas de controle são instalados, dentre outros equipamentos e sistemas, os sistemas de telecomunicações e o SSC (Sistema de Supervisão de Controle), incluindo painéis de SDCD e de PLC. Todos estes equipamentos não são adequados para instalação em áreas classificadas e, por este motivo, nestes casos, necessitam ser instalados em ambientes protegidos por pressurização, livres da presença de atmosferas explosivas.
Nestes casos, as salas de painéis e salas de controle são instaladas dentro de áreas classificadas. De forma a manter estes ambientes devidamente seguros, mesmo na existência de atmosferas explosivas ao seu redor, são instalados sistemas de pressurização que fazem com que exista sempre um sobrepressão de ar interna, impedindo que a atmosfera explosiva existente no lado externo possa ingressar para o interior dos ambientes pressurizados.
Além disso, em caso de perda de sobrepressão interna, os equipamentos elétricos, eletrônicos e de telecomunicações que necessitem permanecer energizados necessitam possuir um tipo de proteção “Ex” e um EPL adequado, de forma a proporcionar segurança na eventual presença de uma atmosfera explosiva no interior do ambiente pressurizado ou ventilado.
Os sistemas de pressurização requerem atender a uma série de requisitos, indicados na norma técnica brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-13 – Atmosferas explosivas – Parte 13: Proteção de equipamentos por ambiente pressurizado “p”. Podem ser citados como exemplos destes requisitos a necessidade de o sistema de pressurização possuir máquinas redundantes (ventiladores em stand-by), instalação de sensores de pressão diferencial entre o ambiente interno e o externo, instalação de detectores de gases inflamáveis no ponto de captação de ar externo.
São especificados nesta norma, dentre outros, os seguintes tópicos: rigidez mecânica do ambiente pressurizado, portas de acesso de pessoal, dutos de ventilação, ciclos de purga, prevenção de ignição em caso de falha do sistema de pressurização, fonte do ar limpo de pressurização, antecâmaras, sistema de pressurização, dispositivos de segurança, detectores de gases, ensaios de purga e de sobrepressão, pressão diferencial mínima e marcação dos ambientes.
Foi publicada em 22/05/2017 a Edição 2.0 da norma técnica internacional IEC 60079-13 – Atmosferas explosivas – Parte 13: Proteção de equipamentos por ambiente pressurizado “p” e por ambiente artificialmente ventilado “v”.
Esta segunda edição desta norma, elaborada pelos países participantes do TC 31 da IEC, incluindo o Brasil, incorpora as seguintes modificações técnicas significativas em relação à edição anterior, publicada em 2010:
a) Modificação no título da Norma, de forma a incluir os ambientes artificialmente ventilados “v”, adicionalmente aos ambientes pressurizados “p”;
b) Incluídos os tipos de proteção “pb”, “pc” e “vc” e excluídos os tipos de proteção “px”, “py”, “pz” e “pv”;
c) Definição das diferenças técnicas entre os tipos de proteção “Ex” para os sistemas de pressurização e de ventilação artificial;
d) Exclusão da possibilidade de proteção dos ambientes por meio de gás inerte ou com gás inflamável do escopo desta norma;
e) Inclusão de um Anexo (informativo) para a apresentação de exemplos e de guias de aplicações onde os tipos de proteção por pressurização ou por ventilação artificial podem ser utilizados de forma independentes ou em conjunto.
A Comissão de Estudo CE 003.031.005 do Subcomitê SC 31 do Cobei, responsável pela elaboração e atualização da respectiva norma técnica brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-13 (inicialmente publicada em 2007 e atualizada em 2012) já iniciou a execução dos respectivos trabalhos de atualização, de forma a manter esta norma ABNT devidamente equivalente e harmonizada com os requisitos da respectiva norma internacional IEC.
No âmbito da certificação de ambientes pressurizados “p”, foram emitidos até o presente momento, dentro do sistema de certificação de equipamentos “Ex” do IECEx, por diversos organismos de certificação “Ex” reconhecidos, com base na Norma IEC 60079-13, cerca de 20 certificados internacionais para este tipo de construção, incluindo contêineres pressurizados, sistemas de purga e pressurização e módulos pressurizados móveis para utilização offshore.
Mais informações sobre a nova edição da norma internacional IEC 60079-33 estão disponíveis em:
https://webstore.iec.ch/publication/32164
Autor: Roberval Bulgarelli